terça-feira, 31 de março de 2009

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Se foi a outrora jovial
Força anímica alegre
O cabelo preto natural
Em tons de branco se perde
As mãos enrugadas
Com as pontas dos dedos calejadas

Já me falha a memória
O rigor já se diminui
A lenda que de reza a história
Que de saber se evolui
Sentado no banco do jardim
Contando os dias para o fim

Na água da chuva o reflexo
De um pensamento já sem nexo

A vida soube-me bem
Mesmo com os seus dissabores
Vivia como mais ninguém
Entre amores e desamores
Foi poeta, alegre, feliz
Fiz tudo aquilo que quis

Os jovens me chamam de sábio
Mas eu mal me lembro do nome
A saliva que molha o lábio
Frutos do que a vida come
Juventude que já tudo comeu
Do velho morto, que não morreu

No jardim, construiu um juízo
Na morte não espero paraíso

A velhice acompanha
Um velho na solidão
Ser maduro, fogo que apanha
E ilumina a escuridão
Na mão um papel, uma caneta
Na mente uma frase, uma letra

Cansado o espírito, a alma, o corpo
Mas ainda no papel escorre tinta
Que á velhice faz finta
Então não estou morto
Vadio poeta errante
Chamado de velho pensante

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


Torturas o meu sangue, o meu interior
A minha alma é desfeita em sofrimento
O meu corpo se enche de dor
Cada lembrança que tenho tua
É uma doce e bela tortura
É amar sem amor

Cada segundo que estou a perder
A fazer amor com outro alguém
Cada beijo noutra mulher
Sabe como se fosse ninguém
Cada toque que não o teu
É mais esperança que morreu
De te abraçar “nha cre tcheu”

O resto da minha existência
Ao teu lado era um segundo
Longe de ti a minha presença
É de completa indiferença
O teu nome é o meu mundo

A tua saliva era o meu alimento
Já á meses que passo fome
As tuas mãos eram meu sustento
A minha imaginação, teu nome
O teu sorriso, o complemento
O teu corpo meu lume
Que dentro de mim se apagou
E tudo de repente acabou

As palavras que te digo
São ais que mal se ouvem
Pois a elas não dás ouvidos
Palavras que não podem
Nem de nada servem
São vagos parágrafos
São erros ortográficos

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


Seis sentidos enfeitiçados
Por seis druidas, encantamento
Homens livres envenenados
De sangue, amor, sacramento

Paredes grandes se edificam
Em volta do ser
Seres de força sacrificam
O seu imenso saber

O apogeu da insensibilidade
Se contrai até ficar vivo
É o sumo da imortalidade
Nunca, mas nunca subversivo

Paixão, transformando a ataraxia
Em raios de sol de um novo dia

6

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Nasceu livre, selvagem
Armado de cinco sentidos
Olhos, boca, dedos, nariz, ouvidos
E sobretudo munido de inteligência
Fora de qualquer miragem
Pode o ser, Humano ser
Em cultura, sapiência
Sem Deus, homem a sua própria imagem

Agua que é sagrada
Escorre pela testa como sangue
Santificando o ser infante
Do Senhor recebe a palavra
Pelo Espírito Santo abençoado
Criança no santo baptismo
O olho da liberdade é cegado
Sem escolha, por cinismo

Quando cresce, forte e irreverente
Criança inteligente
Que aprende sem opção
Tudo o que lhe ensinam
O padre dá a missa
A criança reza, submissa
Comendo pão sem valor
O corpo do senhor

Agora adulto, sem sentidos
Deles são, não teus
Olhos, boca, dedos, nariz, ouvidos
E até a inteligência
Rezas de joelhos, paciência
És um asnático crente
Outrora inteligente

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


A minha vez deve andar por aí
Perdida ou achada entre braços
Os meus dias são meus laços
E entre espaços percebi
Que o que é meu está aqui

Mas “aqui” é tão relativo
E eu busco só a certeza
De tanto buscar, perco o que consigo
É deveras a tristeza
Angustia a que sobrevivo

O amor já me espreitou
Assim pela esquina e de esguelha
Mas ele por bem não me olhou
Correu, correu mas não me apanhou
Por sangue que a alma espelha

E entre murmurinhos
Se perde o que de mais vale
O amor que mais quero
Por ele que mais desespero
E mesmo no bem e no mal
Desejo de tantos carinhos
De um amor habitual

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


Expressão máxima sublime
Chorar pelo leite derramado
Reconstituição de um crime
De ter dormido ao teu lado

Sentir o teu doce cheiro
A tua saliva na minha saliva
É estar perdido, na mão o roteiro
É ver que a vida está viva

Foste amiga, amante, confidente
E eu de inicio apaixonado
E tu a isso indiferente

O mesmo já não é o mesmo
E o que é deixou de ser
Olhos cegos de só te ver

3

sábado, 28 de março de 2009

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Sou um lobo, bom demais assim quis
Ter alma de boémio
Lobo de rua, noctívago
Perdido por um copo de anis
Achado num copo de absinto
E ninguém sabe o que sinto

Ajudo sempre um amigo
Não tenho nunca ajuda de ninguém
Sempre que estou perdido
Espero e desespero por alguém
Mas somente a alcoolemia
E os lobos me fazem companhia

Entre mulheres da noite, feliz
Narração in media res
Sem meio, ou meio-termo
Mal me aguento nos pés
Perdido neste ermo
A espera da minha vez

Descobri na marginalidade
Mais do que desgraça
A minha criminalidade
E ser um ser livre, de graça
Ser criminoso e ter a fama
Ter mulher, ter de pagar a cama

Quando a lua aparece
Os lobos uivam com pujança
A minha matilha não esquece
As ideias de esperança
Reunidos para caçar almas
Cheio de calos nas palmas

Escritores, poetas, músicos,
Idealistas, revolucionários, filósofos
Estão cá todos na matilha
Sedentos, fortes lobos
Vigor no olhar da quadrilha
E fome de cultura
Vida alegre de lobo, vida dura

sexta-feira, 27 de março de 2009

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


Sinónimo de perfeição, surreal
Oitava das sete maravilhas
Na relva da manhã horizontal
Furor das minhas fantasias

Deixaram os deuses de ser deuses
Passaram as gentes a ser
Multiplicando por todas as vezes
Que respirar o teu poder

Não és ninfa, nem Vénus, és tu
As águas nascem dos teus olhos
E o teu belo corpo, a nu
Fazem o deleite dos meus sonhos

És a sublimação
Em ar do meu coração

3

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


A falsa vontade de não estar ao teu lado
É verdadeira como história de criança
Que nunca mente
E que guarda a cega esperança
Esperança que deveras sente

A bucólica sensação de pensar na tua pessoa
Enquanto as flores renascem na primavera
É algo que se escoa
Na alma, no sangue ecoa
E na vida, no dia recupera
Mesmo não sendo o que estava á espera

E a ataraxia que causas a tua passagem
Parando o movimento do universo
Causa discussão e revolta sendo controverso
Á tua volta o espaço
Quando desejo a paragem
Que é causa efeito da tua imagem

Tenho de negar que te quero
Tenho de dizer que não

E ao faze-lo sinto me torturado
Não só eu, o universo é abalado

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


A minha voz nunca mais declamará
A metade da metade de um verso
Quanto mais um poema expressará
De cansado, a vontade expresso

Corridas quinhentas milhas
Mais mil tenho de correr
Naufrago, sofrendo em ilhas
Mais mil milhas para te esquecer

A caneta chora lágrimas negras
Sangrando este papel
Farto de seguir as regras
Porque eu e não ele?

E com o ultimo dístico escrito
Teu espírito do meu corpo exorcizo

3

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Personifico a monstruosidade
Uma hera cobre o meu castelo
Numa plácida passividade
Observo de longe o que é belo
Pois se perto me aproximo
Ninguém percebe o que exprimo

Da minha torre de menagem
O sol parece de mil cores
Ao longe aprecio a miragem
Ao perto observo os horrores
Sendo um homem, não um animal
Mas sou visto como tal

Porquê que sou um monstro?
Porque sou aquilo que mostro

Sou a formiga que saiu do carreiro
Ainda não gostei de verdade
Sou lobo e nunca cordeiro
Tão real como a realidade
De fraqueza sou tão fraco
Da mudança sou o marco

Sendo assim sou excluído
Porque sou simples, diferente
Sou um mostro vencido
Um asno inteligente
Há até quem diga que sou cruel
Vendo a minha revolta a flor da pele

Sou sobretudo um lutador
Mesmo perdendo tudo, vencedor

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


Sinto-te tanto
Ténue vento matinal
Sinto-te de dentro
Ténue frio angelical
Sinto-te no momento
Onde o tempo não é tempo
É intemporal

A resultante de tudo
É o somatório da tua alma
A divisão da minha
É igual a calma
Que me é transmitida
Quando passas pela minha vida

Alegre, triste, acompanhado, só
Sem ti sou cinzas, pó
Sou nada

O deslumbramento inspirasse
O encantamento expirasse
O teu beijo desejasse
Mas não se pode ter
De tão doce, amargo chega a ser

Conheci-te num segundo
Apaixonei-me num minuto
Perdi-te agora
E tudo se evaporou
Como agora se evapora

Ser alma e ser espírito, ser teu
É me Impossível
O teu corpo é me perceptível
Sem ser meu
Sonhando, perdido no céu

quarta-feira, 25 de março de 2009

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


Brisa que me lava o rosto
O cansaço sujo na cara
Alma que alimenta o desgosto
Vento que a vontade pára

Do pão nem as migalhas sobraram
Mas sou eu quem limpa o prato
Na cama, foram eles que se deitaram
Mas sou eu quem limpa o quarto

Cegamente, me sacrifico
Por alma que já tão pequena
Sem fé ou glória, glorifico
Nem se grande fosse valeria pena

Alma como uma faca afiada
Da tua mão no meu peito atravessada

3

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


Sinto uma ligação profunda
Às palavras e a escrita
E algo que me alimenta
Se for de forma erudita
E nunca de forma imunda
A escrita é a minha relação
É tábua de salvação

Eu escrevo porque assim ninguém me ouve
Abafo assim o meu grito
E relato tudo o que bem me soube
Como também relato o que de mal se passa
Sem que o meu silencio se desfaça

A minha caneta chora e sorri por mim
Relata todos os meus pensamentos
A caneta não se limita a escrever
Ela vive o que estou a viver
Todos os segundos, os momentos

A carga é preta, como o sangue é vermelho
O papel é de vidro, como um espelho
Onde a minha alma sangra
Neste mundo escrito onde sou eu quem manda

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Tens nas mãos a maça do conhecimento
Que está lentamente a apodrecer
Fraco, doente o pensamento
À pressão do agora favorecer
Onde a cultura vale zero
É este o mundo que espero

Passa a inteligência
Do ser, a nova carência

Ninguém se cultiva
A inspiração já é nula
Pouca é a iniciativa
Motivação não criativa
Na verdade a vontade anula

Amordaçados como cães
Por credos, crenças e religiões
Enquanto filhos sangram nas mães
E morrem de fome aos milhões
E a maça do conhecimento
É edificada num muro de cimento

Uma criança chora
O padre passa, ignora
E se puder ainda abusa

O ser humano procura no céu
O que está aqui bem presente
O ser, omnipotente
De poder total, omnipresente
És tu, sou eu, é a natureza
Essa é a santa trindade, com certeza

terça-feira, 24 de março de 2009

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


Na mesa ao lado
No café onde paro
Reside uma força celestial
Que não consigo distinguir
É algo de paranormal
Que me faz lá ir

Fui ganhando coragem
Dia, após dia, após dia
Mas a cada passagem
Essa figura, miragem
Me assustava, afligia
Então eu fugia

Até que um dia, aconteceu
Estavas tu sentada
Onde deveria estar eu

E foi ai que nos cruzamos
E foi ai que reparei
Que a figura que mais temia
É a figura que mais amei
Ao fim do dia ao café voltei

E no instante e que entraste, entrei
Tu te sentaste
Ao teu lado eu me sentei
Olhaste, e para ti olhei
Uma lágrima caiu-me dos olhos, perdida
E no instante em que entraste
Saíste de seguida

E só sempre só como sempre estou
Na mesma mesa do café
Onde todos os dias vou
Restou apenas a fé
Que um dia me levou
A querer o que não tenho
Amor a ferro e fogo empenho

Quero-te a ti força celestial
Que uma vez conheci num café trivial

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Quando me sinto inspirado
O mundo pára para ver
As palavras que saem
Do mais fundo do meu ser
Verdadeiro, revoltado
Enervado, exaltado
Mas nunca controlado

A formatação é o prumo da discórdia
A caixa de Pandora, a globalização
O nascer de uma nova ordem, paródia
E onde os homens estão nesta situação?
Revolução! Revolução!

Peguem no que tem a mão
Lutem de alma e coração
E de certeza absoluta, morreram
Mas mortos e livres de opressão
Gritos embebidos de verdade
Liberdade! Liberdade!

Desliguem-se da máquina
Respirem o ar puro
Deixem a realidade prática
Assumam o puro e duro como o diamante
O nosso fogo constante
Imponente virilidade
Humanidade! Humanidade!

Sem regra, sem lei
Acordai

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


Brincando às escondidas
Correr atrás de sorrisos
Memórias já esquecidas
De tempos em paraísos

Ruivos cabelos ondulados
Que o toque personifica
Os corações por eles quebrados
Que o fogo da paixão purifica

Na carteira, desatento da matéria
Desenho o teu rosto a giz
Aula bastante seria
Reprovo os anos que já fiz

Nunca, mas nunca mais esquecerei
Criança, amor primeiro, o que sonhei

1

segunda-feira, 23 de março de 2009

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Sou o novo deus Sol
Minha rival a deusa Lua
Mas eu não vivo no céu
Vivo contigo na rua
E não odeio a minha rival
Este novo poder só meu
Se encheu de amor, sobrenatural

Mas a Lua ainda me odeia
Os meus raios na Terra já não brilham
Choram!

O Mundo ficou frio, tempestuoso
Porque em vez de me afastar
Me atraio ao meu oposto
Pois com o brilho de enfeitiçar
A Lua fez o seu papel
Deixou-me sem raios de mel

Quando a toco, ela já não brilha
Causando a noite escuridão
Juntando com o dia, solidão
Desmistificando a maravilha
A Lua desta era é mais fria
Aquece-la, o que mais queria

Adoro olha-la pela manha
Enquanto dorme sossegada
Quieta e serena
Não parece tão grande, parece pequena
Até parece enamorada
Com ar de novinha, apaixonada

Quando renasce de noite
A Lua acorda o seu poder
E eu triste, chorando
Acabo por adormecer

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


A música que tocava era a mais bela que havia
Eram trovas de amor
Mas nada te demovia
A tua muralha é de titânio e dor
A liga mais forte que existe
Que nem a música resiste

As tuas mãos geladas como glaciares
Junto as minhas, quentes, ainda arrefecem mais
E as trovas milenares
Ainda tocavam
Mas ao teu lado passavam
Morriam

Se nem a musica te provocou reacção
Os meus poemas de certo servem de nada
São uma simples gota, parva
Num oceano, imensidão
De loucura e negação

Quem ama nunca desiste
Diz quem deveras nunca amou
Se há quem á musica resiste
De olhar duro, frio, triste
De braços baixos estou
E acredita que como ele ninguém amou
E esse ele, eu sou

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


A delicada chuva da manha
Trás as lágrimas por mim choradas
Corpo cansado, em mente sã
Gotas de sangue derramadas

Se nem Hércules te levou vencida
E nem a vontade de Ulisses
A minha rima é perdida
Perdida porque não ouviste

Num lago um rouxinol canta trovas
O teu nome é entoado nelas
Trazendo nelas boas novas

O teu e só teu, nunca meu
Coração duro e agreste
É daquele que o venceu, nunca eu!

5

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


As gentes que passam e vão passando
Gentes que me olham
E que eu vou olhando
E que me vão julgando
E eu sem julgar ninguém
Observando vejo mais alem

Os grilhões e amarras do preconceito
Não deixam respirar o homem, a humanidade
O que está certo ou direito
É o que na alma vai e bate no peito
É a única verdade

E a ver as gentes que passam
Vou descobrindo novos dilemas
Devo ser como eles?
Devo ser diferente?
Sofrer dos problemas dessa gente?
A igualdade é exigente
A diferença eloquente

Sendo assim, sou eloquente
Não sigo as massas, as marés
Caminho forte e nos meus próprios pés
Sou diferente dessa gente
Sou um ser pensante, inteligente.

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Na floresta há sempre um guerreiro
Na cidade, um intelectual
No deserto um vento certeiro
No governo, um animal
Em mim há reacção
Não aceito a condenação

O mundo é um só
Somos todos da mesma espécie
Cinzas, nada, pó
Translação de inoperância
Somos presos, limitados
Seremos livres, revoltados

Fechai os olhos, esconderijo
Que abertos estão os meus, exijo

Nunca serei cão de Pavlov
Subestimado em preces mesquinhas
Situação que me comove
Lutar guerras que não são minhas
Contra a polícia do mundo
Humanista convicto, profundo

A corja ainda topa da janela
Janela que se chama televisão
Na escola, igual a uma cela
Se aprende a estupidificação
A eles não interessa instruir
A geração que vem a seguir

E está nas mãos desta juventude
Que no futuro o mundo mude

sábado, 21 de março de 2009

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


Princesa africana, berço da terra

De ti nasce a humanidade

Presa na boca, Leão que ferra

Força, alegria, felicidade


No teu olhar o firmamento

No teu corpo o calor da savana

No meu espírito, acrescento

Tremores que o mundo abana


O aroma que emanas

Deu origem ao paraíso

Foi expulso por palavras profanas

E por de amor perder o juízo


Antes princesa, agora rainha

Da África de outros, que era tão minha.


4

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


O sol é a luz da humanidade
A lua a sua grande rival
O símbolo da cristandade
Tem de fé sonoridade
E é serio como o Carnaval

Vai a igreja pedir de comer
Sais de lá com fome
A fé alimenta o ser
Mas a deles é dinheiro e poder
E controlo sobre o nome

E entre o ouro e o carmim
E os lençóis de seda
Vestes de rico cetim
Aromas de incenso, mirra, jasmim
E milhões da nossa perda

Miséria, fé, credo
Pai, filho, espírito santo
E tu que és surdo, mudo, cego
As verdades que eu prego
E no deles vais no canto

O criador ama a criatura
A criatura venera o criador
Veneração que leva a sepultura
Sou humano e não conjuntura
Ou marioneta de um Imperador

Sem credo, sem fé, comigo
A ilusão é desfeita
Fora do mundo aguerrido
Fora do controlo, perigo
Sem Deus, Liberdade perfeita.

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só



Vales menos que zero
E bem menos que zero a esquerda
No fim do mundo te quero
Na barca de Caronte te espero
De que tudo reza a perda

És da Sibéria os gelos
Do ozono és o buraco
Da caixa de Pandora os medos
Vertigens nos teus cabelos
Cada vez mais farto, fraco

Já beijei o chão que pisaste
Agora cuspi-lhe em cima
Nunca por bem me olhaste
Sempre e sempre maltrataste
A pureza da minha rima

Viciado em ti, no teu perfume
Toxicómano e tu minha heroína
Tanto e tanto fogo sem lume
Sem amor como de costume
E de letra a obra-prima

No fim de contas bem certinhas
Perdes bem mais do que ganhas
As mãos de carinho são minhas
O que tens é o que não tinhas
E pedradas é o que apanhas

É assim o mundo sem mim…

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


A dor da alma que corrói o corpo
Germinada dentro do meu peito
Estar vivo, no entanto estar morto
Sem o teu calor se fez desfeito

A troca de suaves toques
Dois compassos e um falsete
A música, a letra, os motes
De composição tão carente

Imensidão perdida no nada
Se nega e se afasta
Da percepção por mim fundada
Por amor que não ama, arrasta

E fui assim ficando
Mesmo seco de lágrimas chorando

2