segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


Se há astros que brilham
Tu brilharás muito, intenso
Se há olhos que choram
Os meus quando em ti penso

Vida que corre e não obstante
Meu sangue suor e lágrimas
Se tudo passa num instante
Correm poemas em páginas

E não podendo dizer de amor
Aquilo que vai na minha alma
Basta-me dizer da dor
Que se esconde na minha calma

E da noite mais um vagabundo
Que deambula pela cidade
Esperança morre num segundo
Quando bate na realidade

Nunca me dês ouvidos
São nada, versos perdidos

domingo, 21 de junho de 2009

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


Doutorado honoris causa
Em sentimento dorido
Alma que pede pausa
Negro pensamento embebido

Crisântemos, flores primaveris
Envolvido nos teus lábios
Comboio sem carris
Conhecimentos sem sábios

Apaixonado, mas proibido
Carente satisfeito
Na vida sem sentido
Coração pára no peito

Morte imbuída de solidão
Pelo um crime sem perdão

3

terça-feira, 16 de junho de 2009

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


Preso a ti ab aeterno
Correntes de ferro em chamas
Toque de carinho terno
No rosto de quem amas
De tanto te querer, anjo
Afastar-te é o que arranjo

Tens numa mão o universo
Na outra a minha alma
No olhar um toque perverso
Nos lábios o que não expresso
No sorriso a minha calma

Sabedoria cai aos teus pés
Como caem também amantes
Barcos no canal do Suez
Aguas com os meus semblantes
Flores com a tua fragrância
Ao meu túmulo da importância

A tua pele é lua é firmamento
Não és perfeita, és superior
Fruto do sagrado sacramento
Reino sem regimento
Poema de um poeta sem valor

Retratar-te é sofrer
Por mais que escreva não consigo
Relembrar-te é viver
A vontade de estar contigo
Um dia dormirei a tua porta
Até que a minha alma esteja morta

Não estaremos juntos nesta vida
Muito por mea culpa
A tua felicidade contrapartida
A minha destruída
Pena minha absoluta

Perdoa-me por continuar a escrita
As palavras profanas que te dedico
De forma pouco erudita
Que de joelhos te recito
Ventre que carregará o fruto
Não o meu, mas sim de outro

No teu oceano sou gota de água
Insignificante pingo de chuva
Tristeza em cima de mágoa
Fogo, quente frágua
Escondo a mão com a minha luva

Como sempre escondi tudo

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


Longo, lindo sorriso
Guerras que foram lutadas
Beijo, sinónimo de paraíso
Esperanças maltratadas

Singular o teu corpo
Plural aquilo que sinto
Meio vivo, meio morto
Verdade que não minto

Momentos, melodias
Toques ou simples olhares
Doces simples iguarias
Oitavo dos sete mares

Igual? Não, és diferente
Amor sem nada de inocente

3

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Das profundezas guerreiro
Sem família sem amigos sem ninguém
Tiro da pistola certeiro
Sem pai nem mãe
Castigado pela maldade pura
Luz da lua, sol de pouca dura

Embriagado, álcool saliva e sangue
Raiva, ódio e desespero
Medo!

Soldado, General do meu exército
Escritor, maldoso humano
Malabarista do léxico
Sagrado? Não sou profano
A deusa das deusas apunhalou me no peito
Á sua maldade fui sujeito

Não caminho, rastejo
Compro as suas vontades
Todo e qualquer desejo

Sou escravo, sou rude
Afugento toda a gente
Força de grande magnitude
Maldade que dura sempre
Coração roxo, ferida do punhal
Sangre negro, sobrenatural

No Elísio vivi pouco tempo
Pelos fogos do inferno chamado
Nos braços de Hades acorrentado

Apunhalado, atirado a minha sorte
Despido, sozinho, triste
Fugindo dos males da morte
Numa existência que não existe
Tentando fazer algo sem maldade
Mas não ter essa capacidade

Inóspitas vidas nos meus olhos despedaçadas
Não por vontade minha
Mas por mim tiradas

Sou um instrumento da vontade dela
Das deusas a mais bela

Sou teu !

terça-feira, 9 de junho de 2009

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


Quando o teu sorriso foi revelado
O teu olhar se revelou
Quando mistério foi desvendado
Por paixão sacrificado
O mundo então parou

Ficando assim abismado, tremeu
O chão a minha volta
O céu também cedeu
Descobri quem era eu
Num segundo se foi a revolta

Recomecei onde paraste
Recomeçaste onde parei
Fiquei onde quiseste
Fiz o que me mandaste
E sonhei, divaguei

E por amor das cinzas renascido
Qual Fénix da mitologia
Amor outrora esquecido
Guardado mas nunca perdido
Atrás do sol do novo dia

Os meus cinco sentidos certos
Em dez foram transformados
Os meus olhos nos teus discretos
Os teus lábios nos meus quietos
Nos nossos momentos sagrados

E foi assim que me cativaste
Prendeste me na tua teia
Um novo sentido ensinaste
Na alma a marca deixaste
Palavras neste poema, para quem leia

domingo, 7 de junho de 2009

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


Calor que mais parece frio
Aquece e gela da mesma maneira
Uma estrela, um calafrio
Amor sem eira nem beira

Caminho sem calçada
Beco sem saída
Viagem no tempo parada
Guerra sem investida

Vontade de ser teu
A ultima coisa que quero
Paginas da revista Orpheu
Cultura que tanto espero

Horas, momentos, contrariedades
Mentiras, querendo ser verdades

3

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Dá-me um uísque
Num copo de gelo
Alguém que me belisque
Fio de novelo
No fim, apenas lã
Corpo são em mente sã

Sou apelidado de bêbado
Gosto apenas da bebida
Aquela mais querida

Ninguém tem nada com o que faço
Não obrigo ninguém a seguir
Desenho com o meu próprio traço
Nunca me vês a sorrir
Se bebo, é da minha ideia
Vivi a minha maneira

Absinto faz-me sentir gente
Teor forte de alcoolemia
Vida minha boémia

Vivam de maneira saudável
Que a minha está bem regada
Nunca quis ser amável
Minha divida está sarada
Sou o que sou, alcoólico
Triste, caído, melancólico

Cura? Prefiro a morte
Não estou doente
Doente está essa gente

Se me vires caído
Saberás que foi pelo licor
Sangue, na alma ferido
Bebido de tanto amor
Carente de palavras
Vivendo num conto de fadas

Tépido, o que sobrou
Olhar de quem tanto bebeu
De quem tanto amou

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


Cansado do sonho e do pesadelo
Agreste como o meu coração
Rasgado o ideal modelo
Latente, carente paixão
A bela sem senão

É verdade, sou cobarde
Sinto-me um entrave

“Alma minha gentil, que te partiste”

Mesmo quando não queria
Um dia vinha após o outro
Lendo os pensamentos sabia
Há na alma ideologia
Está morta a pouco e pouco
Respira, suspira suavemente

De ti ficaram as lembranças
Amarradas nessas lanças

Monótona realidade nefasta
Incrivelmente perdida
Nas malhas do destino fundida
Havia uma alegre festa
Ao longe eu sorria

Virtude sem atitude
Incólumes passam os pecadores
Do pecado original, rude
A Carla é dos sonhadores

Gostava de saber sonhar

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


Não te levava as nuvens
Nem sequer ao céu
No meio da penugem
Penas dos olhos meus

Não te dava o mundo
Pois ele já é só nosso
Dava-te um segundo
Que é tudo o que posso

Não te dava o coração
Pois nem isso tenho em mim
Só sei falar assim

Musica que cantas tão bem
Aquela que te dediquei
Cento e um de zero a cem

A

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


A minha felicidade não é mais minha
Está repartida pelas massas
Sou feliz ao ver felicidade sozinha
Pois estou seco como uvas passas
Ainda não morri pois não há piedade
Da alegria sobrou a saudade

Tentar que a alegria se espalhe
Mas que essa alegria nunca me apanhe

Só, mas sólido como granito
Que cobre o chão da minha invicta
Sem opiniões, mas sempre convicto
Politicamente correcto sem política
Certo? Errado? Tanto Faz!
Água? Para mim só aguaras

Flores para todos vocês
Manto de espinhos a meus pés

Sejam alegres como eu sou triste
Nunca desejei tão intensamente
A minha felicidade só existe
Nos braços de outra gente
É o meu propósito, minha ciência
Cair no fundo, na decadência

Confesso-te, de vós tenho inveja
Felicidade que nunca sobeja

Para mim …

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


Nos meus olhos não viste
Ou nem sequer quiseste ver!

Lágrimas vermelhas de sangue
Negras pupilas delatadas
Amor cego, que se expande
Mãos atrás das costas amarradas

Não te soube mostrar o meu interior
Apenas te soube mostrar a minha dor

Quis-te de alma, corpo
Neguei o que sentia
Tal barco encalhado no porto
A mil pés de ti fugia

Sabendo o sabor saboroso do teu beijo
Negando o desejo que mais desejo
Dizendo que não a mim mesmo
Mentindo, chorando, sorrindo

Sofrimento carnal
Corpo dorido, ferido
Não á vista, em geral
Sofrimento guardado, perdido
Entre linhas escondido

As mãos tremem quando te vejo

Vejo-te falar de outro ser humano
Aqueles que tu amas
Chamas Boneco de Pano
Os meus poemas, já não declamas
Nas horas más já não me chamas

Sou pedra no caminho
Sou só, querendo estar sozinho

Já não sei amar, odiar, pensar, não sei nada
Estou na parede e corta-me a espada
Vejo as minhas entranhas, apenas pó
Sentimentos secos que causam dó

A outrora verde esperança empederniu
Ao longo que a noite surgiu

Não sou digno de dizer que te amo
Sou apenas um farrapo
Tens um boneco de pano
Eu sou um boneco de trapo

domingo, 26 de abril de 2009

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Febre de revolta
De vontade e de viver
Vermelho que solta
O meu verdadeiro poder
De levar onde sopram os ventos
Do humanismo, os conhecimentos

Léguas, milhas e quilómetros
Distancia real percorrida
Pressão que arrebenta barómetros
Por entre as curvas da vida
Faminto de filosofias
Dias e noites, noites e dias

Ser homem e sobretudo ser gente
Ser vivo, é viver intensamente

Não desisto, acredito
O sol brilhará para todos nós
No meu próximo a luta, incito
Contra o controlo atroz
Somos um só povo
Estilhaços do mundo novo

Empenho palavras de vitória
Estou aqui para isso
O mundo levar á glória
Mente cheia, bolso liso
Esperem por mim na rua
Não na minha mas sim na tua

Trago a luz contra a escuridão
Trago a revolta contra a opressão

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


De fogo és vestida
Do lume que me queimei
Pétala de flor querida
Calor que me apaixonei

Chuva tropical
No trópico de Capricórnio
Sentimento surreal
De glória, inglório

Regras que regem a física
Quântica como a matéria
Suave como a música
Que soa tão seria

De todas as contradições
Nascem as nossas ligações

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sexta-feira, 17 de abril de 2009

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


O sol de Fevereiro é doentio
Temos um mês soalheiro
Que deveria de ser sombrio

Algo alegra o céu
Que não me alegra a mim deveras
Alguém sorri e não sou eu
Alguém ama o que é meu
A minha vida é feita de esperas

Esperar que chova no verão
E que faça sol no inverno
Sinto frio, na expressão
Sinto calor interno
Estou trocado, confuso
Meu mundo gira em parafuso

Sinto inveja de quem é feliz
Mesmo não sendo eu triste
Quero, é sempre mais e mais
Esta insatisfação existe
É a força motriz
É do mar os sais
É do universo a gravidade
É de minha, a necessidade

Fico alegre se sorris
Fico triste se choras
Imploro quando imploras
Fazes do meu inverno soalheiro
Doentio, como o sol de Fevereiro

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


As flores e as árvores alegres
Que teus cabelos transportava
Alimentos quase efémeros
Sumo que teu corpo espremes
Nos teus lábios sublimava

E sonhava, sim sonhava
Com mais e mais vitórias
Amava e sim amava
Ao teu lado me imaginava
A ganhar todas as glórias

Tinha o paraíso
Nas minhas próprias mãos
Tinha o que era preciso
Forte, certo, conciso
Alimento para o coração

Na volta, a mística espada
De um novo proclamado Deus
A serpente da árvore sagrada
Na minha mão apertada
Chegada a hora do adeus

E á diferença de Adão e Eva
Perdi tudo completamente
O frio que o norte carrega
A dor que a solidão leva
Sozinho para sempre

Paraíso que se transforma
Numa metamorfose infernal
E perdia a minha forma
Olhei, voltando a norma
Da forma mais normal

Perdi a batalha
Perdendo a guerra de seguida
No meu peito a muralha
Na triste e leda calha
Da batalha sangrenta perdida

Perdi, perdi, perdi

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Fujo da verdade
Evidente cega e dura
Finjo felicidade
Procuro na eventualidade
Sentimentos de água pura

Olho, horizontalmente
Para a imensidão aquática
Sinto uma fixação fanática
Olho para toda a gente
Olho fixamente

E vejo o invisível
Sinto o nada
Sinto o que é plausível
Sinto a mão magoada
E a alma essa é vaga
Perdida naquela água

Fujo, para o meu mundo
Onde não há alegria nem tristeza
Fujo e tenho a certeza
Mas porque que tem de ser assim?
Fujo, para aquele mundo
De mármore e de cetim
O meu mundo é o ponto de fuga
O ponto de fuga de mim

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


Jardins do Éden
Flor do paraíso
Almas que pedem
O perdão que preciso

Beijos teus e meus
Lábios de toda a gente
Religiosos ateus
Verdadeiro amor quente

Sonho, realidade
O que é ninguém sabe
Poder da mentalidade
Amor que no peito não cabe

Boca que nunca esquecerei
Palavras tuas são lei

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domingo, 12 de abril de 2009

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Longos anos de convivência
Partilhados momentos
Realidade e consciência
Anos de filosófica ciência
E outros de tantos tormentos

Do formato tépido da carne
De que nada te vale
Da guerra soa o alarme
Na miséria, aconchegar-me
Em fuga ao eixo do mal

Alimento-me de sentimentos
Dados e recebidos
Passo fome, de sangues famintos
Miséria de alimentos
E desejos impedidos

Quanto a companhia
Que do meu lado conforta
Sempre dura e verdadeira
A verdade derradeira
A miséria que me aperta

Nos seus braços miseráveis
Realizo que nada me resta
Os seus olhos impenetráveis
E vontades imparáveis
Nem amor, nem odeio me presta

Confio nela e só nela
E é a verdadeira amiga
Perdidos num barco á vela
Ou num conto de Cinderela
É fogo sem chama e de seguida
Miséria é o que conforta
E me sara esta ferida

Sou miserável, sem amor
Sou miserável

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


Faz tempo que já não durmo
O sossego não me vem ao corpo
Do teu fogo sobrou o fumo
Da tua vida sobro o morto

Caminho sobre a relva
Sinto-a nos meus pés descalços
Perdi-te no meio da selva
Tão urbana com os seus socalcos

Pedras no meu caminho
Por ti foram atiradas
Do tempo que estive sozinho
Contam-se as horas paradas

A juventude, deveras envelheceu
A minha aura se desvaneceu

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Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


Cada centímetro
Cada segundo
O teu corpo é sublimado
Não por mim
Mas por alguém do teu lado

O negro dos teus cabelos
O azul dos teus olhos
É a magnificência
É ciência, exactidão
Luz do dia, excelência
Da noite escuridão

És água, fogo, ar e terra
És elementar
És o sol nascente
Que ilumina o luar
O teu nome a minha voz berra
Quando devia de o cantar

Quem está do teu lado olha-me
É ameaça destruir a tua aura
A tua luz, a tua filantropia
Quem esta do teu lado acusa-me
De querer destruir a tua magia
Todo o que te dou é alegria
Mas quem está do teu lado
Só vê o meu pecado

Então como Pedro a Jesus
Nego três vezes te conhecer
Se entre nós não consigo
E se esta tudo perdido
Não há nada então a perder
Esta é a minha cruz
Que aceito de boa vontade
Desfazendo da minha , para a tua felicidade

sábado, 4 de abril de 2009

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


Cobarde escondo me num eclipse
Temendo amar eternamente
Correndo fujo de ti num ápice
Alegorias que me prendem para sempre

Na órbita de um planeta
Sentindo a atracão gravítica
Tu de gelo como um cometa
Numa errante órbita elíptica

Resultante do somatório
Elevação súbita exponencial
Sem ter culpas no cartório
Julgado á pena capital

“Jaz morto, e apodrece”
Aquele que por amor nunca te esquece

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sexta-feira, 3 de abril de 2009

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Entre a pândega e o fandango
Foi indo o ser humano
Aos poucos foi ficando
Com as costas curvadas carregando
A cruz, como um profano

Onde está a liberdade prometida?
Qual a razão de Abril?
Se o país está a deriva
Sem luta ou iniciativa
Porquê revolução tão febril

Povo que se embriaga em “F’s”
Fado, futebol e Fátima
Mas aquilo que mais esqueces
Aquilo que nunca tiveste
Uma liberdade, que é uma lastima

Sangrai os joelhos no santuário
Gastai o dinheiro em vão
O ensino continua precário
Cada vez mais mínimo o salário
Mais miséria na nação

Do cravo sobrou uma pétala
No caule descaída
A ver de uma janela
Ou trancado numa cela
Para o resto da minha vida

País á beira-mar plantado
Nas suas gentes o potencial
Num futuro deveras vago
Mas nunca hipotecado
O meu amado Portugal

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


Por fora raios de sol incandescentes
Olhos ofuscados eram os meus
Como são os dessas gentes
Perfeição personifica os passos teus
O mais podre não era o visível
O interior imperceptível

A tua mais-valia
É apenas hipocrisia

Toda a gente te rodeia, venera
Sem saber que és lixo
No fim do arco-íris o ouro não espera
És apenas mais um isco
Não sou peixe pescado
De algo mais sou dotado

A flecha dos meus olhos atravessou a tua farsa
Vazio interior que meu coração trespassa

Nos teus brilhantes raios confias
Vivo afastado, noctívago, sombrio
Os mais sinceros abraços terias
Se não te conhecesse de fio a pavio
Nos meus braços já choraste, riste, tiveste sentimento
Nos teus braços apenas perdi o meu tempo

Mortos de amor por ti, caem de facto
Num cemitério onde és fogo-fátuo

Jardim botânico de espinhos
Pois os frutos já foram colhidos
Desperdicei todos os carinhos
Em casos mais que perdidos
Se valesses tanto como és bonita
Nenhuma palavra minha seria escrita

Deixo para os outros, de te amar a febre
Eles que comam gato por lebre

terça-feira, 31 de março de 2009

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Se foi a outrora jovial
Força anímica alegre
O cabelo preto natural
Em tons de branco se perde
As mãos enrugadas
Com as pontas dos dedos calejadas

Já me falha a memória
O rigor já se diminui
A lenda que de reza a história
Que de saber se evolui
Sentado no banco do jardim
Contando os dias para o fim

Na água da chuva o reflexo
De um pensamento já sem nexo

A vida soube-me bem
Mesmo com os seus dissabores
Vivia como mais ninguém
Entre amores e desamores
Foi poeta, alegre, feliz
Fiz tudo aquilo que quis

Os jovens me chamam de sábio
Mas eu mal me lembro do nome
A saliva que molha o lábio
Frutos do que a vida come
Juventude que já tudo comeu
Do velho morto, que não morreu

No jardim, construiu um juízo
Na morte não espero paraíso

A velhice acompanha
Um velho na solidão
Ser maduro, fogo que apanha
E ilumina a escuridão
Na mão um papel, uma caneta
Na mente uma frase, uma letra

Cansado o espírito, a alma, o corpo
Mas ainda no papel escorre tinta
Que á velhice faz finta
Então não estou morto
Vadio poeta errante
Chamado de velho pensante

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


Torturas o meu sangue, o meu interior
A minha alma é desfeita em sofrimento
O meu corpo se enche de dor
Cada lembrança que tenho tua
É uma doce e bela tortura
É amar sem amor

Cada segundo que estou a perder
A fazer amor com outro alguém
Cada beijo noutra mulher
Sabe como se fosse ninguém
Cada toque que não o teu
É mais esperança que morreu
De te abraçar “nha cre tcheu”

O resto da minha existência
Ao teu lado era um segundo
Longe de ti a minha presença
É de completa indiferença
O teu nome é o meu mundo

A tua saliva era o meu alimento
Já á meses que passo fome
As tuas mãos eram meu sustento
A minha imaginação, teu nome
O teu sorriso, o complemento
O teu corpo meu lume
Que dentro de mim se apagou
E tudo de repente acabou

As palavras que te digo
São ais que mal se ouvem
Pois a elas não dás ouvidos
Palavras que não podem
Nem de nada servem
São vagos parágrafos
São erros ortográficos

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


Seis sentidos enfeitiçados
Por seis druidas, encantamento
Homens livres envenenados
De sangue, amor, sacramento

Paredes grandes se edificam
Em volta do ser
Seres de força sacrificam
O seu imenso saber

O apogeu da insensibilidade
Se contrai até ficar vivo
É o sumo da imortalidade
Nunca, mas nunca subversivo

Paixão, transformando a ataraxia
Em raios de sol de um novo dia

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Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Nasceu livre, selvagem
Armado de cinco sentidos
Olhos, boca, dedos, nariz, ouvidos
E sobretudo munido de inteligência
Fora de qualquer miragem
Pode o ser, Humano ser
Em cultura, sapiência
Sem Deus, homem a sua própria imagem

Agua que é sagrada
Escorre pela testa como sangue
Santificando o ser infante
Do Senhor recebe a palavra
Pelo Espírito Santo abençoado
Criança no santo baptismo
O olho da liberdade é cegado
Sem escolha, por cinismo

Quando cresce, forte e irreverente
Criança inteligente
Que aprende sem opção
Tudo o que lhe ensinam
O padre dá a missa
A criança reza, submissa
Comendo pão sem valor
O corpo do senhor

Agora adulto, sem sentidos
Deles são, não teus
Olhos, boca, dedos, nariz, ouvidos
E até a inteligência
Rezas de joelhos, paciência
És um asnático crente
Outrora inteligente

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


A minha vez deve andar por aí
Perdida ou achada entre braços
Os meus dias são meus laços
E entre espaços percebi
Que o que é meu está aqui

Mas “aqui” é tão relativo
E eu busco só a certeza
De tanto buscar, perco o que consigo
É deveras a tristeza
Angustia a que sobrevivo

O amor já me espreitou
Assim pela esquina e de esguelha
Mas ele por bem não me olhou
Correu, correu mas não me apanhou
Por sangue que a alma espelha

E entre murmurinhos
Se perde o que de mais vale
O amor que mais quero
Por ele que mais desespero
E mesmo no bem e no mal
Desejo de tantos carinhos
De um amor habitual

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


Expressão máxima sublime
Chorar pelo leite derramado
Reconstituição de um crime
De ter dormido ao teu lado

Sentir o teu doce cheiro
A tua saliva na minha saliva
É estar perdido, na mão o roteiro
É ver que a vida está viva

Foste amiga, amante, confidente
E eu de inicio apaixonado
E tu a isso indiferente

O mesmo já não é o mesmo
E o que é deixou de ser
Olhos cegos de só te ver

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sábado, 28 de março de 2009

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Sou um lobo, bom demais assim quis
Ter alma de boémio
Lobo de rua, noctívago
Perdido por um copo de anis
Achado num copo de absinto
E ninguém sabe o que sinto

Ajudo sempre um amigo
Não tenho nunca ajuda de ninguém
Sempre que estou perdido
Espero e desespero por alguém
Mas somente a alcoolemia
E os lobos me fazem companhia

Entre mulheres da noite, feliz
Narração in media res
Sem meio, ou meio-termo
Mal me aguento nos pés
Perdido neste ermo
A espera da minha vez

Descobri na marginalidade
Mais do que desgraça
A minha criminalidade
E ser um ser livre, de graça
Ser criminoso e ter a fama
Ter mulher, ter de pagar a cama

Quando a lua aparece
Os lobos uivam com pujança
A minha matilha não esquece
As ideias de esperança
Reunidos para caçar almas
Cheio de calos nas palmas

Escritores, poetas, músicos,
Idealistas, revolucionários, filósofos
Estão cá todos na matilha
Sedentos, fortes lobos
Vigor no olhar da quadrilha
E fome de cultura
Vida alegre de lobo, vida dura

sexta-feira, 27 de março de 2009

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


Sinónimo de perfeição, surreal
Oitava das sete maravilhas
Na relva da manhã horizontal
Furor das minhas fantasias

Deixaram os deuses de ser deuses
Passaram as gentes a ser
Multiplicando por todas as vezes
Que respirar o teu poder

Não és ninfa, nem Vénus, és tu
As águas nascem dos teus olhos
E o teu belo corpo, a nu
Fazem o deleite dos meus sonhos

És a sublimação
Em ar do meu coração

3

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


A falsa vontade de não estar ao teu lado
É verdadeira como história de criança
Que nunca mente
E que guarda a cega esperança
Esperança que deveras sente

A bucólica sensação de pensar na tua pessoa
Enquanto as flores renascem na primavera
É algo que se escoa
Na alma, no sangue ecoa
E na vida, no dia recupera
Mesmo não sendo o que estava á espera

E a ataraxia que causas a tua passagem
Parando o movimento do universo
Causa discussão e revolta sendo controverso
Á tua volta o espaço
Quando desejo a paragem
Que é causa efeito da tua imagem

Tenho de negar que te quero
Tenho de dizer que não

E ao faze-lo sinto me torturado
Não só eu, o universo é abalado

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


A minha voz nunca mais declamará
A metade da metade de um verso
Quanto mais um poema expressará
De cansado, a vontade expresso

Corridas quinhentas milhas
Mais mil tenho de correr
Naufrago, sofrendo em ilhas
Mais mil milhas para te esquecer

A caneta chora lágrimas negras
Sangrando este papel
Farto de seguir as regras
Porque eu e não ele?

E com o ultimo dístico escrito
Teu espírito do meu corpo exorcizo

3

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Personifico a monstruosidade
Uma hera cobre o meu castelo
Numa plácida passividade
Observo de longe o que é belo
Pois se perto me aproximo
Ninguém percebe o que exprimo

Da minha torre de menagem
O sol parece de mil cores
Ao longe aprecio a miragem
Ao perto observo os horrores
Sendo um homem, não um animal
Mas sou visto como tal

Porquê que sou um monstro?
Porque sou aquilo que mostro

Sou a formiga que saiu do carreiro
Ainda não gostei de verdade
Sou lobo e nunca cordeiro
Tão real como a realidade
De fraqueza sou tão fraco
Da mudança sou o marco

Sendo assim sou excluído
Porque sou simples, diferente
Sou um mostro vencido
Um asno inteligente
Há até quem diga que sou cruel
Vendo a minha revolta a flor da pele

Sou sobretudo um lutador
Mesmo perdendo tudo, vencedor

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


Sinto-te tanto
Ténue vento matinal
Sinto-te de dentro
Ténue frio angelical
Sinto-te no momento
Onde o tempo não é tempo
É intemporal

A resultante de tudo
É o somatório da tua alma
A divisão da minha
É igual a calma
Que me é transmitida
Quando passas pela minha vida

Alegre, triste, acompanhado, só
Sem ti sou cinzas, pó
Sou nada

O deslumbramento inspirasse
O encantamento expirasse
O teu beijo desejasse
Mas não se pode ter
De tão doce, amargo chega a ser

Conheci-te num segundo
Apaixonei-me num minuto
Perdi-te agora
E tudo se evaporou
Como agora se evapora

Ser alma e ser espírito, ser teu
É me Impossível
O teu corpo é me perceptível
Sem ser meu
Sonhando, perdido no céu

quarta-feira, 25 de março de 2009

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


Brisa que me lava o rosto
O cansaço sujo na cara
Alma que alimenta o desgosto
Vento que a vontade pára

Do pão nem as migalhas sobraram
Mas sou eu quem limpa o prato
Na cama, foram eles que se deitaram
Mas sou eu quem limpa o quarto

Cegamente, me sacrifico
Por alma que já tão pequena
Sem fé ou glória, glorifico
Nem se grande fosse valeria pena

Alma como uma faca afiada
Da tua mão no meu peito atravessada

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Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


Sinto uma ligação profunda
Às palavras e a escrita
E algo que me alimenta
Se for de forma erudita
E nunca de forma imunda
A escrita é a minha relação
É tábua de salvação

Eu escrevo porque assim ninguém me ouve
Abafo assim o meu grito
E relato tudo o que bem me soube
Como também relato o que de mal se passa
Sem que o meu silencio se desfaça

A minha caneta chora e sorri por mim
Relata todos os meus pensamentos
A caneta não se limita a escrever
Ela vive o que estou a viver
Todos os segundos, os momentos

A carga é preta, como o sangue é vermelho
O papel é de vidro, como um espelho
Onde a minha alma sangra
Neste mundo escrito onde sou eu quem manda

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Tens nas mãos a maça do conhecimento
Que está lentamente a apodrecer
Fraco, doente o pensamento
À pressão do agora favorecer
Onde a cultura vale zero
É este o mundo que espero

Passa a inteligência
Do ser, a nova carência

Ninguém se cultiva
A inspiração já é nula
Pouca é a iniciativa
Motivação não criativa
Na verdade a vontade anula

Amordaçados como cães
Por credos, crenças e religiões
Enquanto filhos sangram nas mães
E morrem de fome aos milhões
E a maça do conhecimento
É edificada num muro de cimento

Uma criança chora
O padre passa, ignora
E se puder ainda abusa

O ser humano procura no céu
O que está aqui bem presente
O ser, omnipotente
De poder total, omnipresente
És tu, sou eu, é a natureza
Essa é a santa trindade, com certeza

terça-feira, 24 de março de 2009

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


Na mesa ao lado
No café onde paro
Reside uma força celestial
Que não consigo distinguir
É algo de paranormal
Que me faz lá ir

Fui ganhando coragem
Dia, após dia, após dia
Mas a cada passagem
Essa figura, miragem
Me assustava, afligia
Então eu fugia

Até que um dia, aconteceu
Estavas tu sentada
Onde deveria estar eu

E foi ai que nos cruzamos
E foi ai que reparei
Que a figura que mais temia
É a figura que mais amei
Ao fim do dia ao café voltei

E no instante e que entraste, entrei
Tu te sentaste
Ao teu lado eu me sentei
Olhaste, e para ti olhei
Uma lágrima caiu-me dos olhos, perdida
E no instante em que entraste
Saíste de seguida

E só sempre só como sempre estou
Na mesma mesa do café
Onde todos os dias vou
Restou apenas a fé
Que um dia me levou
A querer o que não tenho
Amor a ferro e fogo empenho

Quero-te a ti força celestial
Que uma vez conheci num café trivial

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Quando me sinto inspirado
O mundo pára para ver
As palavras que saem
Do mais fundo do meu ser
Verdadeiro, revoltado
Enervado, exaltado
Mas nunca controlado

A formatação é o prumo da discórdia
A caixa de Pandora, a globalização
O nascer de uma nova ordem, paródia
E onde os homens estão nesta situação?
Revolução! Revolução!

Peguem no que tem a mão
Lutem de alma e coração
E de certeza absoluta, morreram
Mas mortos e livres de opressão
Gritos embebidos de verdade
Liberdade! Liberdade!

Desliguem-se da máquina
Respirem o ar puro
Deixem a realidade prática
Assumam o puro e duro como o diamante
O nosso fogo constante
Imponente virilidade
Humanidade! Humanidade!

Sem regra, sem lei
Acordai

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


Brincando às escondidas
Correr atrás de sorrisos
Memórias já esquecidas
De tempos em paraísos

Ruivos cabelos ondulados
Que o toque personifica
Os corações por eles quebrados
Que o fogo da paixão purifica

Na carteira, desatento da matéria
Desenho o teu rosto a giz
Aula bastante seria
Reprovo os anos que já fiz

Nunca, mas nunca mais esquecerei
Criança, amor primeiro, o que sonhei

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segunda-feira, 23 de março de 2009

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Sou o novo deus Sol
Minha rival a deusa Lua
Mas eu não vivo no céu
Vivo contigo na rua
E não odeio a minha rival
Este novo poder só meu
Se encheu de amor, sobrenatural

Mas a Lua ainda me odeia
Os meus raios na Terra já não brilham
Choram!

O Mundo ficou frio, tempestuoso
Porque em vez de me afastar
Me atraio ao meu oposto
Pois com o brilho de enfeitiçar
A Lua fez o seu papel
Deixou-me sem raios de mel

Quando a toco, ela já não brilha
Causando a noite escuridão
Juntando com o dia, solidão
Desmistificando a maravilha
A Lua desta era é mais fria
Aquece-la, o que mais queria

Adoro olha-la pela manha
Enquanto dorme sossegada
Quieta e serena
Não parece tão grande, parece pequena
Até parece enamorada
Com ar de novinha, apaixonada

Quando renasce de noite
A Lua acorda o seu poder
E eu triste, chorando
Acabo por adormecer

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


A música que tocava era a mais bela que havia
Eram trovas de amor
Mas nada te demovia
A tua muralha é de titânio e dor
A liga mais forte que existe
Que nem a música resiste

As tuas mãos geladas como glaciares
Junto as minhas, quentes, ainda arrefecem mais
E as trovas milenares
Ainda tocavam
Mas ao teu lado passavam
Morriam

Se nem a musica te provocou reacção
Os meus poemas de certo servem de nada
São uma simples gota, parva
Num oceano, imensidão
De loucura e negação

Quem ama nunca desiste
Diz quem deveras nunca amou
Se há quem á musica resiste
De olhar duro, frio, triste
De braços baixos estou
E acredita que como ele ninguém amou
E esse ele, eu sou

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


A delicada chuva da manha
Trás as lágrimas por mim choradas
Corpo cansado, em mente sã
Gotas de sangue derramadas

Se nem Hércules te levou vencida
E nem a vontade de Ulisses
A minha rima é perdida
Perdida porque não ouviste

Num lago um rouxinol canta trovas
O teu nome é entoado nelas
Trazendo nelas boas novas

O teu e só teu, nunca meu
Coração duro e agreste
É daquele que o venceu, nunca eu!

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Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só


As gentes que passam e vão passando
Gentes que me olham
E que eu vou olhando
E que me vão julgando
E eu sem julgar ninguém
Observando vejo mais alem

Os grilhões e amarras do preconceito
Não deixam respirar o homem, a humanidade
O que está certo ou direito
É o que na alma vai e bate no peito
É a única verdade

E a ver as gentes que passam
Vou descobrindo novos dilemas
Devo ser como eles?
Devo ser diferente?
Sofrer dos problemas dessa gente?
A igualdade é exigente
A diferença eloquente

Sendo assim, sou eloquente
Não sigo as massas, as marés
Caminho forte e nos meus próprios pés
Sou diferente dessa gente
Sou um ser pensante, inteligente.

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Na floresta há sempre um guerreiro
Na cidade, um intelectual
No deserto um vento certeiro
No governo, um animal
Em mim há reacção
Não aceito a condenação

O mundo é um só
Somos todos da mesma espécie
Cinzas, nada, pó
Translação de inoperância
Somos presos, limitados
Seremos livres, revoltados

Fechai os olhos, esconderijo
Que abertos estão os meus, exijo

Nunca serei cão de Pavlov
Subestimado em preces mesquinhas
Situação que me comove
Lutar guerras que não são minhas
Contra a polícia do mundo
Humanista convicto, profundo

A corja ainda topa da janela
Janela que se chama televisão
Na escola, igual a uma cela
Se aprende a estupidificação
A eles não interessa instruir
A geração que vem a seguir

E está nas mãos desta juventude
Que no futuro o mundo mude

sábado, 21 de março de 2009

Poema da minha obra : Os Teus Sonetos de Amor


Princesa africana, berço da terra

De ti nasce a humanidade

Presa na boca, Leão que ferra

Força, alegria, felicidade


No teu olhar o firmamento

No teu corpo o calor da savana

No meu espírito, acrescento

Tremores que o mundo abana


O aroma que emanas

Deu origem ao paraíso

Foi expulso por palavras profanas

E por de amor perder o juízo


Antes princesa, agora rainha

Da África de outros, que era tão minha.


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Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


O sol é a luz da humanidade
A lua a sua grande rival
O símbolo da cristandade
Tem de fé sonoridade
E é serio como o Carnaval

Vai a igreja pedir de comer
Sais de lá com fome
A fé alimenta o ser
Mas a deles é dinheiro e poder
E controlo sobre o nome

E entre o ouro e o carmim
E os lençóis de seda
Vestes de rico cetim
Aromas de incenso, mirra, jasmim
E milhões da nossa perda

Miséria, fé, credo
Pai, filho, espírito santo
E tu que és surdo, mudo, cego
As verdades que eu prego
E no deles vais no canto

O criador ama a criatura
A criatura venera o criador
Veneração que leva a sepultura
Sou humano e não conjuntura
Ou marioneta de um Imperador

Sem credo, sem fé, comigo
A ilusão é desfeita
Fora do mundo aguerrido
Fora do controlo, perigo
Sem Deus, Liberdade perfeita.

Poema da minha obra : Diário de um Poeta Só



Vales menos que zero
E bem menos que zero a esquerda
No fim do mundo te quero
Na barca de Caronte te espero
De que tudo reza a perda

És da Sibéria os gelos
Do ozono és o buraco
Da caixa de Pandora os medos
Vertigens nos teus cabelos
Cada vez mais farto, fraco

Já beijei o chão que pisaste
Agora cuspi-lhe em cima
Nunca por bem me olhaste
Sempre e sempre maltrataste
A pureza da minha rima

Viciado em ti, no teu perfume
Toxicómano e tu minha heroína
Tanto e tanto fogo sem lume
Sem amor como de costume
E de letra a obra-prima

No fim de contas bem certinhas
Perdes bem mais do que ganhas
As mãos de carinho são minhas
O que tens é o que não tinhas
E pedradas é o que apanhas

É assim o mundo sem mim…