terça-feira, 31 de março de 2009

Poema da minha obra : O Novo Amanhacer


Se foi a outrora jovial
Força anímica alegre
O cabelo preto natural
Em tons de branco se perde
As mãos enrugadas
Com as pontas dos dedos calejadas

Já me falha a memória
O rigor já se diminui
A lenda que de reza a história
Que de saber se evolui
Sentado no banco do jardim
Contando os dias para o fim

Na água da chuva o reflexo
De um pensamento já sem nexo

A vida soube-me bem
Mesmo com os seus dissabores
Vivia como mais ninguém
Entre amores e desamores
Foi poeta, alegre, feliz
Fiz tudo aquilo que quis

Os jovens me chamam de sábio
Mas eu mal me lembro do nome
A saliva que molha o lábio
Frutos do que a vida come
Juventude que já tudo comeu
Do velho morto, que não morreu

No jardim, construiu um juízo
Na morte não espero paraíso

A velhice acompanha
Um velho na solidão
Ser maduro, fogo que apanha
E ilumina a escuridão
Na mão um papel, uma caneta
Na mente uma frase, uma letra

Cansado o espírito, a alma, o corpo
Mas ainda no papel escorre tinta
Que á velhice faz finta
Então não estou morto
Vadio poeta errante
Chamado de velho pensante

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